Sr. Nelson Eggers: uma história de paixão pela Fruki

A Fruki é uma empresa que cresceu ao longo dos anos com o esforço e o empenho dos profissionais que formam essa grande família. Mas você sabe como tudo isso começou? Como esse jeito de ser Fruki foi construído e qual a sua essência? Ninguém pode contar tão bem essa história além do Sr. Nelson Eggers, Presidente do Conselho Consultivo e criador da marca Fruki. Na edição de outubro trazemos uma matéria especial com essa figura que representa tudo o que a Fruki é hoje. Veja o vídeo com os melhores momentos da entrevista e, abaixo, a conversa na íntegra. 1. Vamos começar falando da sua infância e das suas memórias dessa época? Eu nasci bem no interior de Paverama, no Rio Grande do Sul. Era tudo muito simples, rudimentar e pobre. Eu tive uma irmã mais velha que nasceu naquelas imediações e uma outra irmã mais nova que também nasceu em Paverama. Nós éramos da família do fundador da empresa que veio a ser a Fruki. A minha mãe era filha do fundador, que era um colono. Quando o sogro do meu pai faleceu os cunhados dele, que eram sete (quatro moças e três homens) o convidaram para vender a terra dele em Paverama e que nós fossemos nos mudar para a casa que era do meu avô. A ideia era trabalhar naquela empresa pequena, uma pequena cervejaria, que também tinha uma área de terras que o meu pai podia cultivar, a mãe tirar leite das vacas e eu fazer entregas do leite a cavalo. Seguimos a vida lá, onde tudo era muito difícil, muito antiquado, artesanal. Esta empresa não tinha mais o sogro, que havia falecido. A mãe fazia muitas coisas: imaginem vocês que para clarificar o açúcar com o qual a gente fazia o xarope, para deixar ele claro e limpo, ela batia claras de ovos, colocava por cima do xarope de açúcar fervendo e a clara de ovo puxava a sujeira pra cima e tu tinha um xarope. Hoje se usa filtro, vários processos interessantes que facilitam muito. Naquela época não era assim. 2. Como foi para o senhor estudar? Fiz o segundo grau completo, ginásio e colégio. Terminado isso eu fui para Porto Alegre (sempre com o sacrifício do meu pai). Fui me preparar para fazer Engenharia na UFRGS, que era a única faculdade de engenharia no RS, com 123 vagas. Eu também tinha que prestar o serviço militar e fiz o CPOR (Curso de Preparação de Oficiais da Reserva). Ainda em Lajeado, eu trabalhei três anos para pagar os meus estudos. Em Porto Alegre também sempre trabalhei: trabalhava de dia, fazia cursinho a noite e nos finais de semana fazia o CPOR. Era um sacrifício enorme. Fui convidado para trabalhar em outros locais e trabalhei na secretaria de uma escola chamada Dom Pedro II. Nessa escola eu e um antigo professor a transformamos em Colégio Pastor Dohms, que hoje é uma faculdade e uma das escolas mais conceituadas de Porto Alegre. Aí fui chamado para fazer estágio no CPOR e tive que interromper o meu trabalho lá. Passei a ser tenente da reserva do Exército. Nesse tempo eu fiz concurso para trabalhar na Secretaria da Fazenda e fui aprovado. Então eu tinha várias oportunidades: continuar trabalhando no Pastor Dohms, continuar no Exército por mais cinco anos ou assumir na Secretaria da Fazenda. Foi quando fui convidado para voltar para Arroio do Meio e trabalhar na fabriqueta da família. Dos meus primos, ninguém quis trabalhar nela porque ela era muito pequeninha, muito pobrezinha e eu peguei onde eu menos ganhava e escolhi dentre as quatro oportunidades que eu tinha. Hoje eu também sou administrador de empresas. Não cheguei a ser engenheiro nunca. 3. Como a Fruki surgiu? Quando eu estava há três anos em Arroio do Meio, nós compramos a área onde estamos aqui em Lajeado. Seis anos depois nós começamos a construção do prédio. E aí, em 1971, nove anos depois de ter comprado a área, nós inauguramos. No dia em que inauguramos eu me dei conta que deveria mudar a marca, que até então era Bela Vista. Contratamos uma agência que sugeriu Fruk: Fru de frutas, que é a matéria prima para bebidas e refrigerantes, e o K eles retiraram da palavra Kirst, que era o sobrenome do fundador. Eu gostei da ideia, mas não gostei da sonorização. Aí eu disse que queria colocar a letra I no final. Assim seria Fruki e todo mundo leria igual. Inicialmente eles não queriam, depois acabaram aceitando e hoje eu sempre digo: o I é meu! O nosso guaraná se tornou o mais consumido no Rio Grande do Sul: a fórmula é minha, eu que desenvolvi, naturalmente auxiliado por outra pessoa. O guaraná Fruki é líder aqui. Em todo o Brasil, quem domina é uma marca de uma empresa brasileira, multinacional, mas aqui não. Aqui quem domina é a Fruki. 4. O senhor falou que passou em um concurso e que queria seguir a faculdade de engenharia. O que fez o senhor voltar para Arroio do Meio e assumir uma fábrica que era tão pequena? Sempre são vários fatores, mas um deles é ficar mais próximo da família. Outro fator, ainda evolvendo a família, era que meu pai era muito trabalhador e eu, percebendo que ele fazia um esforço enorme e meus tios também, pensei que podia agregar alguma coisa. Hoje me sinto muito satisfeito de ter optado por esse caminho e não olhado pelo que eu ia ganhar naquela época, mas o que eu podia oferecer e receber de volta na empresa onde eu fui trabalhar. 5. Muitos profissionais comentam que a Fruki é uma empresa muito família. Respondendo o que o levou a voltar para Arroio do Meio, para ficar mais próximo da sua família, entendo que o senhor conseguiu transmitir isso ao longo do crescimento da empresa e para os profissionais. O senhor acredita nisso? Eu acho que isso faz parte dos meus valores. Eu sempre falo para as pessoas que, em